AS MÁSCARAS DE PEMPÉIA E O LABIRINTO DA ALMA
AS MÁSCARAS DE PEMPÉIA E O LABIRINTO DA ALMA
O grito de Nápoles em 79 d.C.
Quando o medo ultrapassa a lógica
Entre os inúmeros casos clínicos que atendi ao longo de mais de três décadas de pesquisa terapêutica e atuação clínica, poucos revelaram com tanta força o elo entre a dor presente e memórias antigas quanto o de Sandra ? uma mulher elegante, altiva e atormentada por um medo inexplicável: a claustrofobia.
O episódio, ocorrido em meados de 2007, revelou mais do que um sintoma comum. Trouxe à tona os escombros de uma tragédia milenar, ocultos sob camadas da psique e da história. Sandra carregava em sua alma o eco de uma catástrofe antiga ? o pavor petrificado sob as cinzas do Vesúvio.
O encontro: subindo degrau por degrau contra o medo
A história teve início com uma ligação simples, indagando se a Terapia ANIMAPURA poderia tratar casos de claustrofobia. Ao marcar a consulta, no 11º andar de um edifício em Copacabana, Rio de Janeiro, não imaginei que a própria chegada da paciente seria um primeiro desafio. Incapaz de utilizar o elevador, Sandra subiu pelas escadas, ofegante, movida apenas pela urgência da cura.
Após esse primeiro encontro, as sessões passaram a ser realizadas em sua residência de alto padrão, de frente para a bela Lagoa Rodrigo de Freitas. A aparência altiva e o tom impaciente escondiam um abismo emocional. O desconforto com cheiros, a relação conjugal desgastada e a recusa em visitar o novo imóvel recém adquirido antes de sua reforma revelavam a presença de um sofrimento interno não verbalizado.
Histórico emocional: entre o desejo e o aprisionamento
Durante as primeiras sessões, várias entidades espirituais foram removidas e encaminhadas, permitindo que Sandra acessasse memórias de múltiplas existências marcadas por experiências intensas de sensualidade, desejo e manipulação. Prostitutas, ciganas sedutoras, mulheres infiéis, figuras da alta sociedade que instrumentalizavam o corpo como moeda ? em todas as encarnações, a tônica era o uso do prazer como poder, com desfechos trágicos regidos por ciúmes, traições e mortes violentas.
No entanto, apesar de sucessivas sessões, a origem específica da claustrofobia permanecia oculta. Até que, num dia memorável, Sandra rompeu a barreira do tempo e acessou uma memória ancestral de rara nitidez.
O trauma: sepultada viva em Nápoles, 79 d.C.
A cena revelada situava-se em Nápoles, na Itália, durante a fatídica erupção do vulcão Vesúvio no ano de 79 d.C. Sandra, então uma dama da elite napolitana, retornava do mercado escoltada por seus escravos, quando o chão começou a tremer. Explosões, caos e desespero tomaram conta da cidade. Em meio à tentativa desesperada de fuga, presenciou a face mais cruel da natureza humana: mães abandonando filhos, assassinatos cometidos por comida e abrigo, multidões esmagadas em busca de sobrevivência.
Ao retornar à sua luxuosa residência, acreditando que ali estaria segura, foi surpreendida pela fúria da natureza. A lava e as pedras cobriram sua casa, e o teto desabou sobre seu corpo. Embora o espírito já houvesse se desprendido do corpo físico, ela permaneceu presa à cena, sem entender o que havia acontecido. Acreditava-se viva, mas aprisionada. Viveu, por tempo indeterminado, em pânico absoluto, sentindo-se soterrada e esquecida.
Esse estado de aprisionamento pós-morte ? uma espécie de fixação perispiritual ? deu origem, às encarnações futuras, à claustrofobia inexplicável da atual existência.
A cura: o reencontro com a liberdade
Durante a sessão, ao ser retirada do local por uma figura espiritual feminina vestida de branco, acompanhada por servos espirituais, Sandra foi conduzida a um campo florido e restaurador. Ali, encontrou acolhimento e compreensão.
Ao retornar do transe, suas palavras foram:
? "Sinto-me mais leve. Como se algo muito antigo tivesse sido removido de mim."
Alguns dias depois, ela me surpreendeu. Tocou a campainha do consultório com um sorriso aberto e olhos radiantes:
? "Entrei no elevador!"
A superação do medo foi celebrada com um jantar elegante em Copacabana. Desde então, todos os anos, no réveillon, recebo suas fotos ? tiradas da varanda de sua cobertura no Leme, de onde agora assiste à queima de fogos sem qualquer receio de espaços fechados.
Reflexões finais: entre lava, memórias e libertação
O caso de Sandra nos lembra que os sintomas psíquicos, muitas vezes rotulados de irracionais, podem ser ecos vivos de experiências antigas profundamente traumáticas. A Terapia ANIMAPURA, ao acessar o inconsciente emocional e restaurar a memória espiritual, permite o resgate da consciência e a reconexão com a liberdade.
Claustrofobia, nesse contexto, não era apenas medo de elevadores ? era o grito silencioso de quem foi sepultada viva sem saber que já havia partido. Era a alma em busca de luz, ainda acorrentada ao teto que desabou sobre ela, há quase dois mil anos.
E foi somente ao reencontrar aquela memória ? e libertar-se dela ? que Sandra pôde, finalmente, respirar sem medo.