A ÁDVOGADA QUE NÃO SABIA AMAR
A ÁDVOGADA QUE NÃO SABIA AMAR
A vida é o palco de reencontros predestinados, onde os laços de sangue nem sempre se traduzem em laços de amor. O caso de Soraya, uma advogada carioca de traços refinados e elegância impecável, ilustra com dramática precisão como as dívidas do passado podem se manifestar no presente sob a forma de frieza emocional e ódio familiar.
Sua afirmação inicial ? "Amar, amar mesmo uma pessoa, eu nunca amei. Pai, mãe, filho, marido... amor mesmo eu nunca senti por ninguém" ? soava como uma confissão amarga, um vazio existencial que contrastava fortemente com o luxo de sua vida e o rigor de seu tailleur azul-claro. O verdadeiro motor de sua busca terapêutica, no entanto, era a rejeição visceral de seu filho adotivo, Otávio, um mistério que a conduziria de volta a uma teia de causa e efeito tecida em uma existência anterior.
O conto de fadas sem amor e a escolha fatal
A narrativa de Soraya se desdobra em atos de isolamento. Filha de pais humildes, ela relata uma infância marcada pelo tratamento cruel da mãe, encontrando refúgio apenas no carinho do pai. A oportunidade de ascensão social surge através de Arnaldo, o advogado para quem seu pai trabalhava. Aos 15 anos, Soraya se encanta pelo homem mais velho, pálido e elegante, que a tira da vida simples para inseri-la num conto de fadas em Copacabana.
Apesar do carinho e respeito de Arnaldo, Soraya admite: nunca o amou, apenas sentiu gratidão e simpatia. O ponto de inflexão de sua vida conjugal e emocional ocorreu aos 20 e poucos anos, com a gravidez.
Para Soraya, o bebê não era um dom, mas um "alien", um inimigo que a incomodava e a afastava de sua nascente carreira no Direito. Movida por uma aversão inexplicável e ambição, ela abortou, ignorando o desejo fervoroso de Arnaldo. A atitude foi o golpe fatal: o casamento acabou, e Arnaldo, embora mantendo-a financeiramente, retirou-lhe o afeto.
Esse divórcio, que não a entristeceu, apenas reafirmou seu diagnóstico: a incapacidade de amar. A subsequente morte de Arnaldo a deixou como herdeira de um império, mas com um "buraco" dentro de si. Aos 40 anos, a solidão a impulsionou a adotar Otávio, um recém-nascido que, inexplicavelmente, a rejeitava desde o primeiro dia, preferindo o colo da babá. A mãe que não amava se deparava com o filho que a odiava, um tormento sem lógica aparente.
A teia kármica
O tratamento de regressão terapêutica da Terapia ANIMAPURA foi a chave para decifrar esse complexo drama. Soraya, em transe, reviveu uma existência anterior, séculos atrás, como uma mulher branca e sedutora que usava sua beleza para manipular e se beneficiar materialmente de homens, descartando-os sem remorso.
O foco recaiu sobre o caso de um homem casado e rico, pai de um filho pequeno, que ela usou, espoliou e, por fim, dispensou. O homem desapareceu e sua esposa e filho foram lançados em terríveis privações.
Ao emergir da regressão, a advogada fez a conexão que reescreveu sua história: a esposa que a amaldiçoou era, na vida atual, a sua mãe biológica, que lhe dava um tratamento cruel desde a infância. E o filho pequeno da vítima era o seu filho adotivo, Otávio.
A rejeição de Otávio, a amargura da mãe e o vazio emocional de Soraya não eram acasos, mas sim a manifestação da Lei de Causa e Efeito (o Karma). O ódio de Otávio era o reflexo do mal infligido à sua alma na vida anterior; a mãe, que tanto a maltratou, era a alma que Soraya tinha ferido profundamente. Ambas as relações ? com a mãe e com o filho ? eram provas de reconciliação, ensinamentos de que "os laços que nos unem verdadeiramente não são aqueles consanguíneos, mas sim os de comunhão de pensamentos".
O reencontro das almas e a reescrita do destino
Expliquei como são programadas as reencarnações que têm objetivo de reunir os desafetos, e trazer o reequilíbrio entre as almas, dando a chance de transformar o "carma" ? o efeito de suas ações passadas ? por meio de novas atitudes no presente.
A transformação não tardou a vir. Duas semanas depois, Soraya agiu. Tomou a decisão de visitar a mãe, internada em uma casa de repouso, coisa que não fazia há anos, e levou Otávio consigo. O que se seguiu foi um momento de beleza catártica. Sem nunca tê-la visto, Otávio caminhou diretamente até a avó e a abraçou. O choro da mãe e da avó, e a alegria radiante da criança, selaram um reencontro de almas que o intelecto não poderia explicar.
Movida por esse impulso de reconciliação, Soraya tirou a mãe da casa de repouso para morar consigo. O ato de amor e reparação gerou uma reação imediata: a mãe estava feliz, e Otávio, antes com repulsa, passou a buscar o contato da mãe adotiva, aceitando seus abraços e iniciando diálogos.
A história da advogada que não sabia amar é um poderoso lembrete de que o lar é uma escola onde almas se reaproximam para a regeneração. A cura da rejeição e o fim da solidão de Soraya não vieram do luxo ou do sucesso profissional, mas da coragem de confrontar um passado remoto, aceitar seu papel na tragédia alheia e, finalmente, exercer a única força capaz de reverter o ciclo: o amor em ação. A vida, com sua ordem perfeita, sempre oferece a chance de reescrever o destino.