EM BUSCA DAS CAUSAS DAS DOENÇAS

"Não existem doenças, existem doentes."
- Jean-Martin Charcot

Não existem doenças, existem doentes. Essa frase, atribuída ao médico francês Jean-Martin Charcot, encapsula uma das maiores mudanças de paradigma na história da medicina: a transição de um foco exclusivo na patologia para uma visão mais holística do paciente. Por muito tempo, a medicina ocidental se concentrou em classificar e combater doenças como entidades separadas do indivíduo. No entanto, a máxima de Charcot nos lembra que uma doença não se manifesta da mesma forma em todas as pessoas.

Cada indivíduo traz consigo uma história única, um conjunto de predisposições genéticas, espirituais, hábitos de vida, influências sociais e um estado emocional que modulam a maneira como o corpo reage a um agente patológico. A mesma infecção viral, por exemplo, pode ser assintomática em uma pessoa, causar um resfriado leve em outra e levar a complicações graves em uma terceira. Essa variabilidade não pode ser explicada apenas pela natureza do vírus.

Reconhecer que existem doentes, e não apenas doenças, transforma a abordagem médica. Em vez de tratar a febre como um sintoma isolado, o médico deveria investigar o que está por trás dela, considerando todo o contexto do paciente. A medicina se tornaria uma ciência de personalização, onde o tratamento seria adaptado às particularidades de cada um. Isso abriria espaço para a medicina integrativa, que combina tratamentos convencionais com terapias complementares, e para a medicina do estilo de vida, que enfatiza a importância da alimentação, do sono, do exercício físico e da saúde mental.

O conceito de que não existem doenças, mas sim doentes, nos convida a ir além da receita médica e olhar para a pessoa como um todo. A cura não está apenas em combater o vírus ou a bactéria, mas em fortalecer o organismo, nutrir a mente e restaurar o equilíbrio do indivíduo. É uma abordagem que humaniza a prática médica, resgatando a essência do cuidado: a relação entre o profissional de saúde e o paciente.